Instituído em agosto de 2023, o Programa Acolher tem mudado a dinâmica do trabalho em cuidados com a saúde mental nas escolas da rede pública estadual. A iniciativa pioneira do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc), atende às demandas psicossociais no cotidiano escolar, em episódios de violência ou violação de direitos. Apesar do foco nos alunos, o Acolher também tem um papel fundamental ao atender toda a comunidade escolar.
Professores, gestores das unidades e até mesmo responsáveis familiares pelos alunos são atendidos pelo projeto, criando toda uma rede de apoio em um processo direto e humanizado. Em um ano de atuação, foram 549 pessoas atendidas na comunidade escolar, além dos alunos. O Acolher se dá em três eixos centrais de orientação: prevenção e promoção; atenção e cuidado; avaliação, monitoramento e acompanhamento. Isso facilita o trabalho dos psicólogos e assistentes sociais que formam o programa, especialmente por se tratarem de profissionais que já estão no contexto escolar.
O coordenador do Programa Acolher, Pedro de Santana, explicou a dinâmica desse trabalho múltiplo. "Toda a comunidade escolar é atendida por meio do Programa Acolher sobre as questões que impactam o desempenho socioemocional. Muitas famílias têm situações de maior vulnerabilidade e precisam de apoio. Não dá para fazer a escola funcionar sem pensar nos atores que a compõem. Aumentando a presença da família na escola, os alunos aprendem mais", disse ele, que está à frente do programa desde o lançamento.
O secretário de Estado da Educação e da Cultura, Zezinho Sobral, destaca a relevância do programa no contexto educacional não apenas de Sergipe, mas em todo país, reforçando o entendimento da atual gestão sobre o papel que a educação tem no acolhimento não só aos estudantes, mas a toda família e comunidade escolar. “O Programa Acolher é muito especial. Ele atua diretamente na atenção psicossocial dos nossos estudantes, professores, equipes e da comunidade escolar. É o maior programa proporcional do Brasil com a presença de psicólogos e assistentes sociais em diretorias regionais para atuar diretamente nas escolas estaduais. Há um ano vem transformando vidas e realidades por meio do cuidado, do amparo, do diálogo e do abraço. Sergipe deu um grande passo na atenção psicossocial. Escola é lugar de acolher”.
Funcionamento
O Núcleo Central de coordenação do Acolher fica na Seduc, mas o trabalho é regionalizado. Em cada uma das Diretorias Regionais de Educação (DRE) do estado, uma equipe local com profissionais de psicologia e assistência social atua diretamente. Foi ainda criado o Registro de Ocorrência Escolar (ROE), onde as unidades podem declarar necessidade de apoio. Esse registro é feito de imediato e recebido pelo diretor da DRE específica.
Essa ação especializada e direcionada é fundamental para os gestores. "Eu não sei sobre psicologia, e é muito bom ter esse profissional que está me orientando para uma ação mais assertiva. Uma família adoecida gera indivíduos adoecidos, e a gente passa aos pais a importância de eles terem esse acompanhamento com informações do programa", ressaltou o diretor da Escola Estadual 8 de Julho, em Aracaju, João Roberto Marques. A unidade tem em torno de dez alunos constantemente acompanhados com suas famílias.
A ideia do programa é que os profissionais atuem de forma presencial em intervalos de tempo, mas estando sempre à disposição para outras necessidades. É o caso do Colégio Estadual Tobias Barreto, também na capital, unidade que atende alunos de 15 a 21 anos. "É um período da vida de cobranças, e o Programa Acolher é uma fortaleza. A cada 15 dias a psicóloga passa a tarde conosco, e também nos acompanha nos nossos pedidos, traçando caminhos e soluções", ressaltou a diretora do colégio, Silvia Souza.
Escola mais capacitada
O Programa Acolher não apenas dá suporte à comunidade escolar, mas faz com que gestores e demais profissionais estejam mais capacitados a lidar com as situações que aconteçam. Em outros momentos esses especialistas se sentiam desamparados, mas hoje a iniciativa promove um ensinamento coletivo.
É o que destaca o coordenador Pedro de Santana. "Os gestores muitas vezes tinham dificuldade de fazer os encaminhamentos. Com a chegada dos profissionais que têm o domínio das políticas públicas de modo geral, há mais clareza no que deve ser feito com a rede de proteção social, em um ganho significativo para a gestão", pontuou.
A diretora Silvia Souza reforça essa visão ao lembrar que o Acolher, além do trabalho direto com profissionais, também disponibilizou às escolas materiais didáticos explicando como lidar com cada situação. “Nós já tivemos encontros aqui na escola entre pai, aluno e coordenação pedagógica com o Acolher. As dificuldades emocionais e psicológicas muitas vezes são invisíveis, e, quanto mais a gente conversa, aumenta o entendimento. Esse material nos deu um olhar ainda mais sensível ao tema”, destaca a diretora.
Apoio às famílias
O Acolher tem hoje um convênio com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), por meio dos departamentos de Psicologia e Serviço Social, que trazem um olhar de formação continuada. Como parte da comunidade escolar, as famílias dos alunos também estão inseridas no âmbito do programa.
O relato do diretor João Roberto Marques dá o tom dessa evolução. “O Acolher vem quebrando um tabu aqui na escola. Quando a gente passa o assunto para os pais também, é comum ouvir alguns dizerem que 'psicólogo é coisa de doido'. Muitas vezes o próprio pai está precisando e, devagar, a gente vai conseguindo educar. Uma vez que se rompe esse preconceito, o filho também já tem essa predisposição”, ressalta.
A participação direta dos profissionais nas escolas, entendendo o contexto, traz um conforto aos gestores de que alunos e pais serão atendidos. “Hoje, os pais também têm uma necessidade dessa orientação, talvez por um ritmo de vida de muito trabalho e mal verem os filhos. A gente aborda tudo de uma forma muito pedagógica. Não é dizer 'seu filho tem um problema', mas relatar que ele apresenta algumas dificuldades”, pontua Silvia Souza.
O trabalho tem gerado resultados positivos em todo o ciclo. Cledijane da Conceição Santos, mãe de aluna na Escola Estadual 8 de Julho, destacou a importância do Acolher. "É muito boa a iniciativa, minha filha também gostou e disse que queria conversar com a psicóloga mais vezes. Já tinha algum tempo que eu buscava acompanhamento psicológico para ela de outras formas e não conseguia. Ter o serviço na escola facilitou bastante para todas nós", elogiou.
Desejo por mais
Diante dessa visão estratégica e ampla, o Programa Acolher é aprovado pela comunidade escolar. O desejo de todos é apenas um: que o projeto cresça cada vez mais. “A gente torce para que esse projeto seja perpetuado e ampliado, e que possamos atender mais alunos, pais e professores”, diz João Roberto Marques.
Para os envolvidos, o programa não apenas exige trabalho, mas também a paixão em ajudar. É o que diz Pedro de Santana: “Ele dá certo porque cuida das pessoas. Nós precisamos estar apaixonados pelo Acolher, para permitir que todos olhem dessa forma. Nosso grande desejo é ampliar e levar mais profissionais ao universo da escola”.
Instituído em agosto de 2023, o Programa Acolher tem mudado a dinâmica do trabalho em cuidados com a saúde mental nas escolas da rede pública estadual. A iniciativa pioneira do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc), atende às demandas psicossociais no cotidiano escolar, em episódios de violência ou violação de direitos. Apesar do foco nos alunos, o Acolher também tem um papel fundamental ao atender toda a comunidade escolar.
Professores, gestores das unidades e até mesmo responsáveis familiares pelos alunos são atendidos pelo projeto, criando toda uma rede de apoio em um processo direto e humanizado. Em um ano de atuação, foram 549 pessoas atendidas na comunidade escolar, além dos alunos. O Acolher se dá em três eixos centrais de orientação: prevenção e promoção; atenção e cuidado; avaliação, monitoramento e acompanhamento. Isso facilita o trabalho dos psicólogos e assistentes sociais que formam o programa, especialmente por se tratarem de profissionais que já estão no contexto escolar.
O coordenador do Programa Acolher, Pedro de Santana, explicou a dinâmica desse trabalho múltiplo. "Toda a comunidade escolar é atendida por meio do Programa Acolher sobre as questões que impactam o desempenho socioemocional. Muitas famílias têm situações de maior vulnerabilidade e precisam de apoio. Não dá para fazer a escola funcionar sem pensar nos atores que a compõem. Aumentando a presença da família na escola, os alunos aprendem mais", disse ele, que está à frente do programa desde o lançamento.
O secretário de Estado da Educação e da Cultura, Zezinho Sobral, destaca a relevância do programa no contexto educacional não apenas de Sergipe, mas em todo país, reforçando o entendimento da atual gestão sobre o papel que a educação tem no acolhimento não só aos estudantes, mas a toda família e comunidade escolar. “O Programa Acolher é muito especial. Ele atua diretamente na atenção psicossocial dos nossos estudantes, professores, equipes e da comunidade escolar. É o maior programa proporcional do Brasil com a presença de psicólogos e assistentes sociais em diretorias regionais para atuar diretamente nas escolas estaduais. Há um ano vem transformando vidas e realidades por meio do cuidado, do amparo, do diálogo e do abraço. Sergipe deu um grande passo na atenção psicossocial. Escola é lugar de acolher”.
Funcionamento
O Núcleo Central de coordenação do Acolher fica na Seduc, mas o trabalho é regionalizado. Em cada uma das Diretorias Regionais de Educação (DRE) do estado, uma equipe local com profissionais de psicologia e assistência social atua diretamente. Foi ainda criado o Registro de Ocorrência Escolar (ROE), onde as unidades podem declarar necessidade de apoio. Esse registro é feito de imediato e recebido pelo diretor da DRE específica.
Essa ação especializada e direcionada é fundamental para os gestores. "Eu não sei sobre psicologia, e é muito bom ter esse profissional que está me orientando para uma ação mais assertiva. Uma família adoecida gera indivíduos adoecidos, e a gente passa aos pais a importância de eles terem esse acompanhamento com informações do programa", ressaltou o diretor da Escola Estadual 8 de Julho, em Aracaju, João Roberto Marques. A unidade tem em torno de dez alunos constantemente acompanhados com suas famílias.
A ideia do programa é que os profissionais atuem de forma presencial em intervalos de tempo, mas estando sempre à disposição para outras necessidades. É o caso do Colégio Estadual Tobias Barreto, também na capital, unidade que atende alunos de 15 a 21 anos. "É um período da vida de cobranças, e o Programa Acolher é uma fortaleza. A cada 15 dias a psicóloga passa a tarde conosco, e também nos acompanha nos nossos pedidos, traçando caminhos e soluções", ressaltou a diretora do colégio, Silvia Souza.
Escola mais capacitada
O Programa Acolher não apenas dá suporte à comunidade escolar, mas faz com que gestores e demais profissionais estejam mais capacitados a lidar com as situações que aconteçam. Em outros momentos esses especialistas se sentiam desamparados, mas hoje a iniciativa promove um ensinamento coletivo.
É o que destaca o coordenador Pedro de Santana. "Os gestores muitas vezes tinham dificuldade de fazer os encaminhamentos. Com a chegada dos profissionais que têm o domínio das políticas públicas de modo geral, há mais clareza no que deve ser feito com a rede de proteção social, em um ganho significativo para a gestão", pontuou.
A diretora Silvia Souza reforça essa visão ao lembrar que o Acolher, além do trabalho direto com profissionais, também disponibilizou às escolas materiais didáticos explicando como lidar com cada situação. “Nós já tivemos encontros aqui na escola entre pai, aluno e coordenação pedagógica com o Acolher. As dificuldades emocionais e psicológicas muitas vezes são invisíveis, e, quanto mais a gente conversa, aumenta o entendimento. Esse material nos deu um olhar ainda mais sensível ao tema”, destaca a diretora.
Apoio às famílias
O Acolher tem hoje um convênio com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), por meio dos departamentos de Psicologia e Serviço Social, que trazem um olhar de formação continuada. Como parte da comunidade escolar, as famílias dos alunos também estão inseridas no âmbito do programa.
O relato do diretor João Roberto Marques dá o tom dessa evolução. “O Acolher vem quebrando um tabu aqui na escola. Quando a gente passa o assunto para os pais também, é comum ouvir alguns dizerem que 'psicólogo é coisa de doido'. Muitas vezes o próprio pai está precisando e, devagar, a gente vai conseguindo educar. Uma vez que se rompe esse preconceito, o filho também já tem essa predisposição”, ressalta.
A participação direta dos profissionais nas escolas, entendendo o contexto, traz um conforto aos gestores de que alunos e pais serão atendidos. “Hoje, os pais também têm uma necessidade dessa orientação, talvez por um ritmo de vida de muito trabalho e mal verem os filhos. A gente aborda tudo de uma forma muito pedagógica. Não é dizer 'seu filho tem um problema', mas relatar que ele apresenta algumas dificuldades”, pontua Silvia Souza.
O trabalho tem gerado resultados positivos em todo o ciclo. Cledijane da Conceição Santos, mãe de aluna na Escola Estadual 8 de Julho, destacou a importância do Acolher. "É muito boa a iniciativa, minha filha também gostou e disse que queria conversar com a psicóloga mais vezes. Já tinha algum tempo que eu buscava acompanhamento psicológico para ela de outras formas e não conseguia. Ter o serviço na escola facilitou bastante para todas nós", elogiou.
Desejo por mais
Diante dessa visão estratégica e ampla, o Programa Acolher é aprovado pela comunidade escolar. O desejo de todos é apenas um: que o projeto cresça cada vez mais. “A gente torce para que esse projeto seja perpetuado e ampliado, e que possamos atender mais alunos, pais e professores”, diz João Roberto Marques.
Para os envolvidos, o programa não apenas exige trabalho, mas também a paixão em ajudar. É o que diz Pedro de Santana: “Ele dá certo porque cuida das pessoas. Nós precisamos estar apaixonados pelo Acolher, para permitir que todos olhem dessa forma. Nosso grande desejo é ampliar e levar mais profissionais ao universo da escola”.