Dando continuidade à programação da Semana Estadual da Visibilidade Trans, foi realizado nesta quarta-feira, 31, o 'Seminário de Educação em Direitos Humanos: Prevenção e enfrentamento à violência contra a diversidade sexual e de gênero na escola'. Promovido pelo Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Assistência Social, Inclusão e Cidadania (Seasic), o evento faz alusão ao Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro.
O seminário tem à frente, ainda, a Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc). Na ocasião, foi lançado o livro 'Fora da Caixa: violência contra a diversidade sexual e de gênero na educação'. A obra apresenta crimes de homofobia e transfobia registrados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP). Os casos têm foco no ambiente escolar em Sergipe.
“A ideia é promover um seminário com representações diversas, tanto da Seduc como da Seasic, assim como de outras instituições, a exemplo da CUT, do Sintese e do Sindipema. Inicialmente, o evento traz uma roda de conversa e trocas, falando sobre não-violência, bullying e outras discussões, seguido de uma conferência. Este formato maior do seminário dentro da Semana da Visibilidade está acontecendo agora, e acredito que é de fundamental importância o Governo de Sergipe trazer servidores e sociedade civil para o debate”, contextualiza a professora da Seduc e coordenadora do projeto 'Desnaturalizando a LGBTfobia nas escolas', Roberta Lima.
A diretora do Serviço de Direitos Humanos da Seduc, Adriana Damascena, lembra que o Governo do Estado já traz iniciativas de promoção e respeito à diversidade, tais como a matrícula e a chamada com o nome social. “A pauta de hoje não pode ser evitada, em função do que ocorre no cotidiano dentro e fora das escolas. Os preconceitos estão em todos os lugares, então, precisamos discutir a violência não só contra pessoas LGBTQIAPN+, mas também contra negros, mulheres, indígenas, seguidores de diferentes religiões. Nossa função é fazer com que todas as pessoas se sintam pertencentes e acolhidos. Não conseguimos construir a garantia dos direitos humanos com apenas um olhar. Por isso, é necessário que essa construção seja interdisciplinar. Saúde, psicologia, educação e todos esses aspectos são importantes para entender cada pessoa como ser integral”, defende.
Silvânia Sousa, coordenadora de Políticas Públicas para a População LGBTQIAPN+ da Seasic, também enfatiza a multiplicidade de temas e perspectivas dentro da Semana de Visibilidade Trans. “Falamos sobre assistência social e políticas públicas, para que não sejamos apenas estatísticas. Também abordamos a ressocialização de pessoas trans em privação de liberdade, que são retiradas da possibilidade de empregabilidade. Hoje, falamos de educação para a garantia de direitos, para que o bullying seja trabalhado por meio da informação e para combater a evasão. Também falaremos sobre saúde e sobre crianças e adolescentes trans. Tudo isso busca alcançar os servidores da ponta, que lidam diretamente com a população, e a sociedade civil”, explica.
O diretor do Departamento de Inclusão e Direitos Humanos da Seasic, Jorge Villas Boas, pontuou a necessidade de uma visão intersetorial, que respeite os diversos sujeitos. “Precisamos de vários ângulos, para que tenhamos respostas às pessoas que passam por momentos de vulnerabilidade com políticas públicas efetivas. A Seasic e sua secretária Érica Mitidieri, assim como o governador Fábio Mitidieri, têm um olhar muito sensível. Temos visto isso no ‘Sergipe é aqui’ e nos programas Ciranda Sergipe e Acolher, entre outros. Portanto, a pasta tem construído uma história nova para uma velha história”, descreve.
Visões
Dayanna Louise é doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), professora e mestra em Educação. Responsável por uma das exposições orais do seminário, Dayanna abordou a experiência de corpos trans e travestis no espaço escolar e como esse ingresso modifica o ambiente educacional.
“Pensar visibilidade trans é acreditar na possibilidade de que corpos historicamente excluídos de vários direitos humanos ocupem novos espaços. O Brasil tem uma dívida histórica com a população trans e travesti, porque essas pessoas estiveram ausentes do projeto de cidadania. Geralmente, nossas existências estavam limitadas a esquinas de prostituição, a celas em presídios e a covas de cemitérios. Pensar em corpos trans e travestis discutindo segurança pública, saúde, educação e assistência social é pensar em outro projeto de Brasil: um país mais acolhedor, que respeita as diferenças e que enfrenta de forma sistemática as desigualdades sociais”, declara.
Para a assistente social do Programa Acolher, Marcilene Moreira, o evento traz conhecimentos relevantes para gestores e profissionais da educação. "Este seminário é de suma importância, principalmente para nós, que estamos nas escolas. Precisamos desenvolver com os alunos ideias sobre diversidade, sexualidade e identidade de gênero. Com isso, podemos evitar que ocorram violências e problemas dentro das unidades escolares", diz.
A coordenadora do coletivo Mães pela Diversidade, Alessandra Tavares, salientou a necessidade da parceria entre escolas e famílias para o enfrentamento à violência contra a diversidade sexual e de gênero. “É importante trazer a experiência das nossas famílias e mostrar como a população LGBTQIAPN+ também compõe famílias. Sabemos do alto índice de pessoas que expulsam suas filhas e seus filhos por falta de compreensão. A família e a escola são o espaço onde as pessoas começam suas vidas. Se não há acolhimento nessas duas esferas, resta a marginalização”, frisa.
Livro
Moisés Menezes, autor da obra 'Fora da Caixa: violência contra a diversidade sexual e de gênero na educação', é doutorando em Serviço Social, mestre em Psicologia Social e pós-doutorando da Universidade de Coimbra, em Portugal. Sergipano, ele volta ao Brasil para o lançamento.
"O objetivo do livro é mostrar a realidade da violência e sensibilizar os docentes a trazer esse tema para a sala de aula sob a forma de oficinas didáticas. A ideia é prevenir e combater o preconceito, já que o professor é um instrumento importante para trazer uma linguagem de inclusão e diversidade. Quando o poder público traz um lançamento com essa pauta para um evento como esse, ele está executando políticas públicas que precisam ser feitas, em favor de uma população que sofre", ressalta.
Programação
A Semana Estadual da Visibilidade Trans prossegue na quinta-feira, 1, com a roda de conversa ‘Crianças e adolescentes trans e a garantia dos direitos fundamentais enquanto família, sociedade e estado’. Já na sexta-feira, 2, último dia da programação, acontece o seminário ‘Atenção à saúde para travestis e transexuais e pessoas não-binárias’.
Dando continuidade à programação da Semana Estadual da Visibilidade Trans, foi realizado nesta quarta-feira, 31, o 'Seminário de Educação em Direitos Humanos: Prevenção e enfrentamento à violência contra a diversidade sexual e de gênero na escola'. Promovido pelo Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Assistência Social, Inclusão e Cidadania (Seasic), o evento faz alusão ao Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro.
O seminário tem à frente, ainda, a Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc). Na ocasião, foi lançado o livro 'Fora da Caixa: violência contra a diversidade sexual e de gênero na educação'. A obra apresenta crimes de homofobia e transfobia registrados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP). Os casos têm foco no ambiente escolar em Sergipe.
“A ideia é promover um seminário com representações diversas, tanto da Seduc como da Seasic, assim como de outras instituições, a exemplo da CUT, do Sintese e do Sindipema. Inicialmente, o evento traz uma roda de conversa e trocas, falando sobre não-violência, bullying e outras discussões, seguido de uma conferência. Este formato maior do seminário dentro da Semana da Visibilidade está acontecendo agora, e acredito que é de fundamental importância o Governo de Sergipe trazer servidores e sociedade civil para o debate”, contextualiza a professora da Seduc e coordenadora do projeto 'Desnaturalizando a LGBTfobia nas escolas', Roberta Lima.
A diretora do Serviço de Direitos Humanos da Seduc, Adriana Damascena, lembra que o Governo do Estado já traz iniciativas de promoção e respeito à diversidade, tais como a matrícula e a chamada com o nome social. “A pauta de hoje não pode ser evitada, em função do que ocorre no cotidiano dentro e fora das escolas. Os preconceitos estão em todos os lugares, então, precisamos discutir a violência não só contra pessoas LGBTQIAPN+, mas também contra negros, mulheres, indígenas, seguidores de diferentes religiões. Nossa função é fazer com que todas as pessoas se sintam pertencentes e acolhidos. Não conseguimos construir a garantia dos direitos humanos com apenas um olhar. Por isso, é necessário que essa construção seja interdisciplinar. Saúde, psicologia, educação e todos esses aspectos são importantes para entender cada pessoa como ser integral”, defende.
Silvânia Sousa, coordenadora de Políticas Públicas para a População LGBTQIAPN+ da Seasic, também enfatiza a multiplicidade de temas e perspectivas dentro da Semana de Visibilidade Trans. “Falamos sobre assistência social e políticas públicas, para que não sejamos apenas estatísticas. Também abordamos a ressocialização de pessoas trans em privação de liberdade, que são retiradas da possibilidade de empregabilidade. Hoje, falamos de educação para a garantia de direitos, para que o bullying seja trabalhado por meio da informação e para combater a evasão. Também falaremos sobre saúde e sobre crianças e adolescentes trans. Tudo isso busca alcançar os servidores da ponta, que lidam diretamente com a população, e a sociedade civil”, explica.
O diretor do Departamento de Inclusão e Direitos Humanos da Seasic, Jorge Villas Boas, pontuou a necessidade de uma visão intersetorial, que respeite os diversos sujeitos. “Precisamos de vários ângulos, para que tenhamos respostas às pessoas que passam por momentos de vulnerabilidade com políticas públicas efetivas. A Seasic e sua secretária Érica Mitidieri, assim como o governador Fábio Mitidieri, têm um olhar muito sensível. Temos visto isso no ‘Sergipe é aqui’ e nos programas Ciranda Sergipe e Acolher, entre outros. Portanto, a pasta tem construído uma história nova para uma velha história”, descreve.
Visões
Dayanna Louise é doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), professora e mestra em Educação. Responsável por uma das exposições orais do seminário, Dayanna abordou a experiência de corpos trans e travestis no espaço escolar e como esse ingresso modifica o ambiente educacional.
“Pensar visibilidade trans é acreditar na possibilidade de que corpos historicamente excluídos de vários direitos humanos ocupem novos espaços. O Brasil tem uma dívida histórica com a população trans e travesti, porque essas pessoas estiveram ausentes do projeto de cidadania. Geralmente, nossas existências estavam limitadas a esquinas de prostituição, a celas em presídios e a covas de cemitérios. Pensar em corpos trans e travestis discutindo segurança pública, saúde, educação e assistência social é pensar em outro projeto de Brasil: um país mais acolhedor, que respeita as diferenças e que enfrenta de forma sistemática as desigualdades sociais”, declara.
Para a assistente social do Programa Acolher, Marcilene Moreira, o evento traz conhecimentos relevantes para gestores e profissionais da educação. "Este seminário é de suma importância, principalmente para nós, que estamos nas escolas. Precisamos desenvolver com os alunos ideias sobre diversidade, sexualidade e identidade de gênero. Com isso, podemos evitar que ocorram violências e problemas dentro das unidades escolares", diz.
A coordenadora do coletivo Mães pela Diversidade, Alessandra Tavares, salientou a necessidade da parceria entre escolas e famílias para o enfrentamento à violência contra a diversidade sexual e de gênero. “É importante trazer a experiência das nossas famílias e mostrar como a população LGBTQIAPN+ também compõe famílias. Sabemos do alto índice de pessoas que expulsam suas filhas e seus filhos por falta de compreensão. A família e a escola são o espaço onde as pessoas começam suas vidas. Se não há acolhimento nessas duas esferas, resta a marginalização”, frisa.
Livro
Moisés Menezes, autor da obra 'Fora da Caixa: violência contra a diversidade sexual e de gênero na educação', é doutorando em Serviço Social, mestre em Psicologia Social e pós-doutorando da Universidade de Coimbra, em Portugal. Sergipano, ele volta ao Brasil para o lançamento.
"O objetivo do livro é mostrar a realidade da violência e sensibilizar os docentes a trazer esse tema para a sala de aula sob a forma de oficinas didáticas. A ideia é prevenir e combater o preconceito, já que o professor é um instrumento importante para trazer uma linguagem de inclusão e diversidade. Quando o poder público traz um lançamento com essa pauta para um evento como esse, ele está executando políticas públicas que precisam ser feitas, em favor de uma população que sofre", ressalta.
Programação
A Semana Estadual da Visibilidade Trans prossegue na quinta-feira, 1, com a roda de conversa ‘Crianças e adolescentes trans e a garantia dos direitos fundamentais enquanto família, sociedade e estado’. Já na sexta-feira, 2, último dia da programação, acontece o seminário ‘Atenção à saúde para travestis e transexuais e pessoas não-binárias’.