Sem o ritmo vibrante e a alegria contagiante das quadrilhas juninas, a festa do São João não estaria completa. No Encontro Nordestino de Cultura 2023, organizado pelo Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), esses grupos de dança folclórica foram destaque de toda a programação. Mas foi na Vila do Forró que a presença das quadrilhas se tornou ainda mais marcante, com apresentações quase todas as noites, iluminando o palco com suas cores e movimentos.
Apesar de ter raízes europeias, a quadrilha encontrou no Nordeste brasileiro, no século XIX, o terreno fértil para se popularizar. Aqui ela incorporou influências afro-brasileiras e indígenas, além dos ritmos e vivências sertanejas, originando uma das formas de expressão mais plurais e autênticas da cultura regional. Através de suas coreografias repletas de criatividade e expressividade, as quadrilhas juninas representam temas diversos, desde o tradicional casamento caipira até questões sociais urgentes, como empoderamento feminino e combate ao preconceito.
No País do Forró, as apresentações das quadrilhas exaltam a sergipanidade, trazendo sentimentos de identidade e pertencimento aos sergipanos. Além disso, proporcionam aos turistas uma oportunidade única de apreciação e imersão na rica cultura do estado.
“Aqui vi a energia, a cumplicidade, a essência de um verdadeira quadrilha que só existe aqui em Sergipe”, disse a paulista Marta do Nascimento. Leonidas Dias, de Curitiba, teve no Barracão da Sergipe seu primeiro contato com as quadrilhas, e também se encantou com as apresentações. “Fiquei bastante emocionado. Eu nunca tinha visto uma apresentação de quadrilha, que é com tamanha força, vibração, algo muito característico do Nordeste. Foi bom demais”, afirmou.
Ser quadrilheiro não é uma tarefa fácil, exige muito empenho, precisão e harmonia nos passos. Cada performance é resultado de meses de ensaios e preparação intensa, como destacou o marcador da quadrilha Xodó da Vila, Anderson Luiz, que neste ano apresentou o tema “O Casamento Aprissiguido – Recortes da Ópera do Milho”: “Foram cinco meses de preparação da parte coreográfica, definição da trilha sonora e treino do elenco para fazer esse espetáculo que envolve os atores e a quadrilha. Enquanto no espetáculo original a quadrilha fazia participações, aqui é a Ópera que cumpre esse papel”.
Marcador da quadrilha Século XX, a mais antiga de Sergipe, com 59 anos de existência, e uma das mais longevas do país, Joel Reis enxerga as quadrilhas juninas como um importante patrimônio cultural imaterial sergipano: “Somos parte da identidade do estado, uma tradição secular que é passada entre gerações e não pode desaparecer. Na minha visão, precisamos evoluir sem abandonar a essência, as características únicas e as tradições que mantêm essas manifestações populares vivas”.
Apresentar-se no palco do Barracão da Sergipe é, para o marcador do grupo Amor Caipira, Isaías Santos, "muito emocionante. O público passa uma energia ótima para a gente, e já entramos na quadra com garra e determinação".
Entre terça e domingo, até o dia 4 de agosto, a Vila do Forró recebe atrações artísticas e culturais no Barracão da Sergipe, Coreto da Marluce e Arraiá Mirim. E toda segunda-feira acontece Segundona da Rua São João, estendendo a magia junina durante todo o ano no estado que respira forró.