"Queremos que as meninas negras se sintam representadas e incentivadas a seguir resistindo para terem seus espaços e direitos garantidos". É desta forma que a curadora Jane Junqueira descreve a importância da exposição coletiva 'Mulher Terra - Origens', aberta na última terça-feira, 25, na Galeria de Arte J. Inácio, data que marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A mostra segue até 14 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h30, na Galeria J. Inácio, anexa à Biblioteca Pública Epiphanio Dória. A entrada é gratuita, sem necessidade de agendamento prévio.
Entre técnicas de fotografia, escultura, colagem digital, ilustração e xilogravura, as obras abordam temas como o combate ao preconceito e à discriminação, ao mesmo tempo em que revelam a força da ancestralidade e do cotidiano das mulheres negras. Participam da exposição as artistas: Dayane Dantas, Edjane Leite, Jacira Moura, Morgana Brota, Negalê, Negra Luz, Pritty Reis, Sara Miranda, Sônia Mellone, Vilma Rebouças, Wilyane Corumba, Kely Nascimento, Judie Canez, Mônica Carvalho, Gabriela Guimarães e Priscila Oliveira.
“Sergipe tem a mulher negra como maioria em sua população, e as políticas públicas têm o dever de construir e apoiar ações que as contemplem”, destacou a presidente da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), Antônia Amorosa.
Para a coordenadora da Galeria e curadora dos trabalhos, Jane Junqueira, a exposição é uma forma de homenagear também as grandes mulheres que lutaram e resistiram bravamente contra o sistema escravagista, como Tereza de Benguela, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento e tantas outras. “Aqui o público verá gêneros diferentes, no entanto, com um só objetivo: a arte, através das dores, mas também conquistas e vitórias.”, disse.
Presente no evento, o diretor de políticas culturais da Funcap, Pascoal Maynard, também prestigiou as obras. “O talento das artistas que expõem seus trabalhos nos enche de emoção. Da fotografia à pintura, as obras tocam os corações de quem participa desta linda vernissage”.
Com a obra 'Ancestralidade', Morgana Brota retrata um dia de celebração à orixá Iemanjá. “Para mim, esta obra significa resistência e tradição. Hoje é um dia importantíssimo, porque até pouco tempo atrás as artistas negras e obras que representavam a negritude não ocupavam esses espaços, então estou muito orgulhosa por fazer parte deste projeto”.
A visitante Tabata Machado também destacou a importância da representatividade da mulher negra nos trabalhos apresentados. “Estamos começando a construir e ocupar espaços na sociedade, que são nossos por direitos. Fico muito feliz e lisonjeada por poder apreciar uma exposição como essa”.