Quanto mais cedo for diagnosticado um câncer de mama, maior a chance de cura. Disseminar esta informação é o objetivo principal de ações e campanhas como ‘Outubro Rosa’, que busca conscientizar mulheres para o cuidado rotineiro com a saúde.
A doença é uma das mais presentes no país, por isso o empenho na sua prevenção é fortalecido também pelo Instituto de Promoção e de Assistência à Saúde de Servidores do Estado de Sergipe (Ipesaúde) neste mês e em todo o ano.
Ter o conhecimento dos riscos é essencial para evitá-los, sempre que possível. Não descuidar das consultas e exames de rotina é o primeiro passo. A recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Sociedade Brasileira de Ginecologia é para que as mulheres a partir de 40 anos façam a mamografia anualmente, além de outros exames complementares que podem ser solicitados pelo médico.
Descoberta da doença
Professora da rede estadual de ensino, a beneficiária Silvia Lima, 50 anos, sabe bem desta recomendação e nunca se descuidou. Há cinco anos ela convivia com um pequeno nódulo na mama e o vigiava de perto, mantendo todos os exames de rotina em dia. Nunca houve anteriormente nenhuma indicação de malignidade, mas durante um autoexame ela percebeu que algo não estava bem.
“Foi em dezembro de 2024, ao fazer o exame de toque que sempre fazia, senti ele diferente. Vi que tinha algo estranho, parecia que tinha crescido, mas principalmente pelo aspecto meio enrugado, já não era mais redondinho. E aí percebi que tinha algo estranho. Em janeiro fui ao mastologista e ele marcou a biópsia. Foi assim que descobri que era maligno”, conta Silvia, que é servidora do Estado há 12 anos, mesmo tempo de adesão ao Ipesaúde, que lhe garantiu todo tratamento.
Receber o impacto de um diagnóstico de câncer pode ser paralisante e Silvia conta que viu sua vida passar inteira em um filme de segundos. A ilustração, que até então ela via como um clichê, se mostrou muito real. “Você pensa na sua vida, na morte. Não tem como não pensar num primeiro momento. É assustador. Mas elevei o meu pensamento, chorei e não me desesperei. Sabemos que o tratamento de câncer é pesado. Após a última quimio chorei muito de felicidade, o câncer estava sumindo. Os médicos não utilizam muito essa palavra cura, mas já me sentia bem. É como se estivesse já sendo curada. Estou muito bem. A rede de apoio, a empatia de muita gente foi importante. A equipe multidisciplinar e o plano foram essenciais”, completa Silvia Lima.
Diagnóstico precoce
Dados apontam que o câncer de mama hereditário corresponde a cerca de 5% a 10% dos casos, ou seja, quando existem parentes de primeiro grau com a doença. Já em 90% dos casos não há origem hereditária, o que aumenta a responsabilidade de cada mulher em se prevenir desde cedo. Para a relações públicas Synara Noronha, beneficiária do Ipesaúde, o fator genético foi um gatilho para manter a atenção redobrada, pois sua mãe passou por um câncer de mama e foi curada.
Foi também pelo autoexame que ela percebeu um tumor na mama em 2024. Descoberto bem pequeno, ela ouviu do médico que tudo no início tem jeito e, confiante, iniciou o tratamento com todo o suporte do Ipesaúde. “O pior do tratamento, para mim, foi a quimioterapia. Lidar com os efeitos não foi nada fácil, principalmente a fadiga. Na quarta sessão tive vontade de desistir, inclusive. Mas aí a ajuda de uma rede de apoio, que são os meus amigos e familiares, me levantou e concluí o tratamento. Mas não foi fácil. Acho que sem fé, eu não estaria fazendo esse tratamento, porque a fé me levanta”, confessa Synara Noronha, de 56 anos.
O mastologista do Ipesaúde, Wagner Vieira, reforça a importância dos cuidados preventivos. “As pacientes a partir de 40 anos devem fazer a mamografia anualmente, enquanto ela tiver saúde para se dirigir a algum serviço para fazer o exame. Se está com saúde, lucidez, deve fazer”, ressalta o médico, acrescentando que em qualquer idade, se houver interesse, pode fazer a ultrassonografia mamária para examinar a saúde das mamas.
Ipesaúde Você
Além da prevenção, o Ipesaúde também promove a atenção prioritária aos pacientes oncológicos. Há dois anos foi criado o programa ‘Ipesaúde Você’, que acolhe quem busca o serviço especializado e por onde já passaram mais de sete mil beneficiários. Em média são mil atendimentos por mês pelo setor, que recebe não apenas mulheres. Estão cadastrados 384 homens e 780 mulheres, sendo que entre elas são 362 os casos de câncer de mama.
Para Synara foi um diferencial poder contar com este acolhimento em sua jornada inicial contra a doença. “A gente vai muito ao médico, faz muitos exames. Elas entendem a urgência e correm atrás das autorizações. Sem falar que já cheguei chorando muito e tive abraços, ombro e foi muito importante para mim. Muito mesmo”, ressalta.
Segundo a coordenadora do ‘Ipesaúde Você’, Ana Paula Carregosa, o espaço atende a demanda espontânea e os encaminhamentos pela rede, oferecendo um serviço que dá celeridade aos seus procedimentos. “Se for consulta e estiver no Centro de Especialidades do Ipes, abrimos pedido da ocorrência e, em até sete dias, ele tem a resposta do agendamento da consulta. Se for na rede, os próprios prestadores já dão prioridade ao paciente oncológico em relação à marcação de exames, liberação de terapia e procedimentos cirúrgicos”, informa ela, lembrando que existem sete prestadores de serviços na rede credenciada.
O ‘Ipesaúde Você’ acompanha o paciente desde a primeira ida ao setor, quando a equipe oferece escuta e orientação sobre todo o processo. As pacientes Silvia e Synara já finalizaram as quimioterapias e radioterapias, mas continuam em tratamento pré-operatório e hormonal, respectivamente. O acompanhamento médico seguirá por cinco a oito anos, em geral, período em que ambas continuam sendo pacientes oncológicas e receberão todo o suporte que o setor pode oferecer.
“A gente percebe que, quando os pacientes chegam aqui, estão sem orientação. A maioria chega chorando porque acabou de receber o diagnóstico. Então, o primeiro momento da escuta é realizado, a equipe tenta, na realidade, orientar. E, quando os pacientes finalizam as terapias e seguem com a medicação, continuam conosco. A jornada é difícil e o que tentamos é torná-la mais leve, mais acolhedora e com menos obstáculos, além dos existentes no próprio tratamento”, conclui Ana Paula Carregosa.